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Gerontofobia: por que ainda temos medo de envelhecer?


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A forma como uma sociedade encara o envelhecimento diz muito sobre seus valores, sua maturidade e sua capacidade de cuidar de todos os seus membros. No Brasil, e no mundo, ainda vivemos um fenômeno silencioso, porém profundo: a gerontofobia, o medo, a rejeição ou a aversão ao envelhecimento e às pessoas idosas.

Esse medo não nasce do nada. Ele é alimentado por uma cultura que valoriza a juventude como sinônimo de beleza, produtividade e sucesso, enquanto o envelhecer é frequentemente associado à perda, dependência e declínio. O resultado? Uma sociedade que teme aquilo que, inevitavelmente, todos vivenciaremos: a passagem do tempo.

Para compreender a gerontofobia, é essencial falar sobre seu elemento central: o idadismo.


O que é o idadismo e como ele se manifesta?

O idadismo é um tipo de discriminação baseado na idade. Ele afeta pessoas em diferentes fases da vida, mas é especialmente prejudicial para a população idosa. E sua força está justamente em ser tão naturalizado, tão presente no cotidiano, que muitas vezes passa despercebido.

O idadismo se expressa em três dimensões principais:

1. Estereótipos

São ideias prontas, generalizações e suposições sobre pessoas de determinada idade.Exemplo: “Idosos não conseguem aprender coisas novas.”

2. Preconceitos

Envolvem sentimentos negativos direcionados a alguém apenas por causa da idade — irritação, impaciência, desvalorização.

3. Discriminação

Acontece quando estereótipos e preconceitos se transformam em ações concretas e injustas, como negar oportunidades, impedir participação ou limitar direitos. Formas de idadismo no dia a dia

O idadismo não se resume a comportamentos individuais; ele está entranhado nas estruturas sociais. Veja como ele aparece em diferentes níveis:

• Cultural

Presente na mídia, na publicidade e nas narrativas sociais que reforçam a ideia de que envelhecer é algo negativo, indesejado e até vergonhoso.

• Institucional

Reflete-se em práticas, políticas e serviços que tratam pessoas de maneira desigual por causa da idade.Exemplos: planos de saúde mais caros, empresas que evitam contratar pessoas mais velhas, atividades físicas pensadas apenas para jovens.

• Interpessoal

Manifesta-se nas relações do dia a dia: piadas, comentários depreciativos, infantilização, interrupções, falta de paciência ou de credibilidade concedida a pessoas idosas.

• Internalizado

Ocorre quando a própria pessoa idosa absorve estereótipos negativos sobre o envelhecimento, o que pode reduzir autoestima, autonomia e até impactar a saúde física e emocional. Por que isso importa?

Porque o idadismo tem consequências reais: afeta oportunidades, enfraquece vínculos, compromete a saúde e reduz a qualidade de vida. Combater a gerontofobia não é um gesto apenas de empatia, é uma construção social necessária para um país que está envelhecendo rapidamente. Promover uma cultura de longevidade significa combater estigmas, ampliar acessos, aceitar trajetórias diversas e valorizar cada fase da vida com dignidade. Envelhecer não é problema, o problema é uma sociedade que trata a velhice como se fosse.


Glossário sobre Gerontofobia e Envelhecimento


  • Gerontofobia: Medo, rejeição ou aversão ao processo de envelhecer ou às pessoas idosas.

  • Idadismo (Ageísmo): Discriminação baseada na idade, que gera estereótipos, preconceitos e práticas injustas.

  • Estereótipo: Crença generalizada e simplificada sobre um grupo — neste caso, pessoas de uma determinada faixa etária.

  • Preconceito: Julgamento negativo ou atitude preconcebida em relação a alguém por causa da idade.

  • Discriminação Etária: Ação que coloca uma pessoa em desvantagem, limita direitos ou impede oportunidades por causa da idade.

  • Internalização do Idadismo: Quando a própria pessoa passa a acreditar nos estereótipos negativos sobre envelhecer, afetando sua autoestima e comportamento.

  • Infantilização: Tratar adultos idosos como se fossem crianças — com tom de voz infantil, retirada de autonomia ou decisões sem consulta.

  • Cultura da Juventude: Padrão social que supervaloriza a juventude e ignora ou desqualifica outras fases da vida.

  • Longevidade Ativa: Conceito que enfatiza o protagonismo, a autonomia e a participação social da pessoa idosa.


Referências


CASTRO, G. G. S. O idadismo como viés cultural: refletindo sobre a produção de sentidos para a velhice em nossos dias. Galáxia (São Paulo), n. 31, p. 79–91, jun. 2016.

Entenda como o idadismo se manifesta na sociedade e saiba como enfrentá-lo – Ódio ou opinião? Disponível em: <https://odioouopiniao.mdh.gov.br/entenda-como-o-idadismo-se-manifesta-na-sociedade-e-saiba-como-enfrenta-lo/>. Acesso em: 18 nov. 2025.


Redigido por

Sabrina Oura - Estagiária em Gerontologia


Revisado por

Audrey Ricetto - Gerontóloga

 
 
 

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