Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em Pessoas 60+
- Administrativo Nandare
- 21 de mar.
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O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é tradicionalmente associado à infância e adolescência, mas evidências recentes apontam para sua persistência ao longo da vida, incluindo os longevos. A abordagem gerontológica e neurocientífica do TDAH em pessoas 60+ é fundamental para compreender seu impacto funcional, as alterações neurobiológicas associadas e as melhores estratégias de manejo.

Prevalência e Diagnóstico
Estudos sugerem que aproximadamente 2,5% da população adulta apresenta sintomas de TDAH, e uma fração significativa desses indivíduos chega aos 60+ sem um diagnóstico adequado. O TDAH em pessoas longevas pode ser subdiagnosticado devido à confusão de sintomas com os de condições neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer. Além disso, os sintomas podem ser confundidos com manifestações depressivas ou ansiosas. Os critérios para diagnóstico devem considerar a história clínica do paciente e a presença de sintomas desde a infância, e testes neuropsicológicos podem auxiliar na diferenciação entre TDAH e doenças neurodegenerativas.
Impactos Funcionais no Envelhecimento
O TDAH em longevos pode comprometer a autonomia, interferindo na gestão de tarefas diárias, adesão a tratamentos médicos e interações sociais. Indivíduos com o transtorno apresentam maior risco de quedas, dificuldades na organização financeira e maior incidência de transtornos do humor. Além disso, há um impacto significativo na qualidade do sono, o que pode exacerbar problemas cognitivos e emocionais.
Aspectos Neurocientíficos e Alterações Cerebrais
A neurociência tem demonstrado alterações estruturais e funcionais no cérebro de longevos com TDAH. Estudos de neuroimagem revelam redução do volume da região frontal, além da queda de funcionalidade do córtex pré-frontal, fundamentais para o controle inibitório e planejamento. Também há evidências de um desequilíbrio dopaminérgico e noradrenérgico, hormônios responsáveis pelo bem-estar e manutenção do foco e atenção, que persiste nos 60+ e impacta a atenção sustentada e a regulação emocional.
Estratégias de Manejo e Intervenção
O tratamento do TDAH em pessoas 60+ deve ser multidisciplinar, integrando abordagens farmacológicas e não farmacológicas:
1. Intervenções Farmacológicas: Os psicoestimulantes podem ser eficazes, mas exigem monitoramento rigoroso devido às comorbidades cardiovasculares comuns na população longeva. Alternativas como antidepressivos noradrenérgicos podem ser consideradas.
2. Treinamento Cognitivo e Reabilitação Neuropsicológica: Estratégias voltadas para a melhoria das funções executivas e do controle atencional são fundamentais. Exercícios de mindfulness e técnicas de organização podem auxiliar na gestão dos sintomas.
3. Adaptação Ambiental e Suporte Psicossocial: Estratégias como uso de lembretes visuais, agendas eletrônicas e suporte familiar são essenciais para minimizar o impacto funcional do transtorno.
4. Atividade Física e Intervenções Psicossociais: O exercício físico pode auxiliar na regulação dopaminérgica e na redução dos sintomas de desatenção e impulsividade.
Considerações Finais
O TDAH em pessoas 60+ é uma condição subestimada, mas que pode ter repercussões significativas na qualidade de vida. O avanço das pesquisas neurocientíficas e a adoção de uma abordagem gerontológica integrada são essenciais para aprimorar o diagnóstico e as intervenções terapêuticas. A conscientização sobre a persistência do TDAH ao longo da vida pode contribuir para um envelhecimento mais saudável e funcional.
Referências
DESIDÉRIO, R. C. S.; MIYAZAKI, M. C. DE O. S. Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH): orientações para a família. Psicologia Escolar e Educacional, v. 11, p. 165–176, 1 jun. 2007.
PEREIRA, H. S.; ARAÚJO, A. P. Q. C.; MATTOS, P. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): aspectos relacionados à comorbidade com distúrbios da atividade motora. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 5, n. 4, p. 391–402, dez. 2005.
LOPES, Regina Maria Fernandes; NASCIMENTO, Roberta Fernandes Lopes do; BANDEIRA, Denise Ruschel. Avaliação do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade em adultos (TDAH): uma revisão de literatura. Aval. psicol., Porto Alegre , v. 4, n. 1, p. 65-74, jun. 2005 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712005000100008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 21 mar. 2025.
Redigido por
Elen Vitória Zonta - Gerontóloga
Revisado por
Audrey Ricetto - Gerontóloga
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