A sexualidade é uma parte essencial da vida e do bem-estar. Ela vai muito além de aspectos biológicos, envolvendo emoções, relações, cultura e histórias pessoais. Após os 50 anos, em meio às mudanças trazidas pelo climatério e pela menopausa, muitas mulheres se deparam com questões que desafiam sua percepção sobre o corpo, o desejo e o prazer. Porém, mais do que um fim, essa fase pode ser o começo de um novo capítulo na relação com a própria sexualidade.
O climatério, marcado pela transição entre a fase reprodutiva e não reprodutiva, frequentemente é acompanhado por alterações hormonais que podem impactar o desejo e o conforto nas relações sexuais. A queda do estrogênio, por exemplo, pode diminuir a lubrificação vaginal e causar desconfortos como a dispareunia. Além disso, mudanças na pele, no formato do corpo e na autoimagem podem influenciar a forma como as mulheres se enxergam e vivenciam sua sexualidade.
Mas a sexualidade feminina não se resume a fatores fisiológicos. Ela também é moldada pelas experiências de vida, pelo contexto social e, sobretudo, pela forma como cada mulher se sente consigo mesma. Apesar das incertezas que o envelhecimento pode trazer, ele também abre espaço para reflexões e descobertas sobre o que é prazeroso, confortável e significativo.
É verdade que ainda há muito a ser explorado sobre o impacto do climatério na sexualidade. Pesquisas são necessárias para desmistificar preconceitos, oferecer suporte adequado e mostrar que prazer e sexualidade não têm prazo de validade.
Aos 50, 60 ou 70 anos, muitas mulheres redescobrem sua sexualidade com um olhar mais generoso e livre. O que muda não é o prazer em si, mas a forma como ele é vivido e compreendido. Falar sobre sexualidade nesta fase da vida é reconhecer que o desejo não tem idade, e que o autocuidado, o diálogo com parceiros(as) e a busca por orientações profissionais podem ser grandes aliados para manter a chama da intimidade acesa.
A vida continua pulsando, e o prazer, em todas as suas formas, pode e deve ser uma fonte de alegria em qualquer etapa da jornada feminina.
Vivenciar a experiência sexual após os 50 anos pode ser uma jornada de autodescoberta, prazer e conexão. Com as prioridades e perspectivas amadurecidas, o momento pode ser encarado como uma oportunidade de aprofundar a intimidade consigo mesma e com seu(s) parceiro(s). Aqui estão algumas orientações para viver essa experiência de forma plena e satisfatória:
1. Reencontre-se com o próprio corpo
Explore suas mudanças: Reconheça que o corpo muda com o tempo, mas continua sendo fonte de prazer. Invista em momentos de autocuidado, como massagens, hidratação da pele e práticas de relaxamento, que também ajudam a melhorar a autoimagem.
Descubra novos estímulos: Seu corpo pode responder de formas diferentes ao toque e aos estímulos. Explore novas zonas de prazer com curiosidade e sem julgamentos.
2. Priorize o conforto físico
Lubrificação vaginal: Se a lubrificação natural diminuiu, use lubrificantes à base de água ou silicone para maior conforto. Consulte seu médico para outras opções, como hidratantes vaginais ou terapias hormonais locais, se necessário.
Exercícios de fortalecimento pélvico: Práticas como os exercícios de Kegel ajudam a tonificar a musculatura da região íntima, aumentando o prazer e a saúde sexual.
3. Abra espaço para o diálogo
Converse com seu(s) parceiro(s): A comunicação aberta sobre desejos, medos e expectativas é essencial. Compartilhe como você se sente e explore juntos novas formas de conexão.
Busque apoio profissional: Se houver dificuldades emocionais ou físicas, não hesite em procurar um terapeuta sexual ou ginecologista especializado.
4. Reinvente a intimidade
Foque no prazer, não apenas no ato sexual: Carinhos, beijos, massagens e momentos de cumplicidade podem ser tão importantes quanto a relação sexual em si.
Descubra novas práticas: Experimente fantasias, brinquedos sexuais ou até mesmo técnicas de meditação e mindfulness que promovam maior conexão entre corpo e mente.
5. Cuide da saúde emocional
Desafie tabus: Libere-se de preconceitos ou crenças limitantes sobre sexualidade e envelhecimento. Prazer não tem prazo de validade!
Cultive a autoestima: Pratique atividades que te façam sentir bem consigo mesma, como dançar, viajar, praticar hobbies ou investir em algo novo.
6. Conecte-se com outras mulheres
Partilhar experiências com outras mulheres que estão passando pela mesma fase pode ser inspirador e empoderador. Grupos de apoio ou rodas de conversa sobre sexualidade podem trazer novas perspectivas e informações.
7. Invista no autoconhecimento
Autoprazer: Reserve momentos para se conectar consigo mesma. A masturbação é uma ótima maneira de conhecer o que te traz prazer e manter sua libido ativa
Referências
Lopes GP. Sexualidade: fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. In: Fernandes CE. Menopausa e tratamento. São Paulo: Editora Segmento; 2003. P.117-24.
ROBERTO, D.; SACILOTO, B. Freqüência da atividade sexual em mulheres menopausadas. Revista Da Associacao Medica Brasileira, v. 52, n. 4, p. 256–260, 1 ago. 2006.
Redigido por
Sabrina Oura - Estagiária em Gerontologia
Revisado por
Audrey Ricetto - Gerontóloga
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